Coletivo Virtual de Arte
Manifesto
Diante de um mundo conectado em que a comunicação tem sido a tônica das relações humanas em suas profundidades e superficialidades a arte emerge como esteio de sustentação que assegura ou desmonta nossa noção de humanidade ou de nulidade.
Vive-se um momento de ressignificação de referenciais, de perdas, acessos, acomodação e sublimação. O indivíduo em meio aos excessos e aos imediatismos parece estar em busca de um constructo que o apregoe a uma noção mínima de pertencimento; os não-lugares, virtuais e concretos, impelem cada vez mais ao encontro, à necessidade da troca, do compartilhamento, inclusive, das essências. A arte, nesse contexto, constrói-se, inventivo e inequivocamente, na beira, nas divisas, nas fronteiras vitais, oníricas e existenciais.
As massas que fertilizam os imaginários nessa virada de milênio são polifônicas, multidimensionais, caóticas e, sobretudo, comprometidas com a expressão estética em retomadas e negações do que já foi produzido, digerido e sublimado. O que se faz no século XXI em termos de arquitetura estética se mantém comprometido com o diálogo e com a busca por uma originalidade que só a “fagia” múltipla da arte pode dar. Essa “fagia” separada do “antropo” busca, no que é orgânico ou não, o sentido para o enfrentamento diante do peso de precisar ser só na interconectividade das redes.
Super, sobre e ampla-exposição. O mundo construído no clique e o indivíduo buscando sua essência no cosmo. Nos extremos de suas inquietações, há uma tendência à procura pela ordem diante do caos. Há uma emergência em ser-se e estar-se diante da arte, de um projeto estético que represente a superação das prisões construídas na idade da crítica. Hoje, convive-se com as grades ressignificando a existência delas.
O compartilhamento cada vez mais imediato das sensações desse tempo carrega-nos para um mar de múltiplas substâncias cuja textura caleidoscópica liga-nos como fractais. E em cada ponto desse fractal as individualidades constroem universos que se relacionam na tensão entre querer permanecer e transcender como quem vai, ao mesmo tempo em que permanece.
A iminência de um fim diante da velocidade com que nos chegam as catástrofes, ou as informações sobre mais uma profecia interpretada de alguma civilização antiga de um mundo que “fosse” acabar e as tensões sociais que o desenho desse cenário representa impelem, sobremaneira, para uma relação “armagedônica”, consciente e inconsciente, estabelecida e amortizada nas interioridades. Assim, nas amortizações da iminência do fim há terreno fértil para vivências extremas do físico ao metafísico. Cada um que busque sua forma de superação do nada.
Em face desse contexto, a produção e o consumo de arte tem sido a forma de purgação do fim escolhida pelos indivíduos que se reúnem nesse coletivo. Aqui, as mãos se dão, se trocam, se tocam e se perdem nas interações álmicas mediadas pelas ondas eletromagnéticas diversas que conectam as essências.
Virtù, nesse sentido, está referenciado, construído e descontruído, na referência de Maquiavel. Virtù, para além da virtude e da glória, é também a desvirtude, não como o desvario mas de mãos dadas com ele. Virtù é um coletivo que não se pretende, mas que se apresenta pela sua necessidade de existir e de reunir essas vozes que dialogam no espírito da redescoberta através da interação.