Ainda me lembro
E agora revivo
A vista que tive
De uma pirâmide
Era dia ensolarado
As madeixas do tempo
Se agrisalhavam
As ruas do céu
Tinham um sem fim
E os pássaros
E as ânforas
Eram o tudo do todo
– Ainda me lembro bem
Mesmo sem saber como
Enaltecer com o ônus
Da arte sem o desdém
Com pureza e malícia
Dos inícios dos traços
Das pedras de março
Preparadas à passos
Nos frascos de aço
À moda antiga
Com muito espaço
Como a natureza.
Como o surgimento da vida
Sem a maldade do sofrimento
Com o prazer de um momento
Com a alegria da vinda
Como uma alma viva
A solenidade
A sagacidade
A formosidade
A fidelidade
A perenidade
E a facilidade
Formavam o equilíbrio
– Os planos cartesianos
Os blocos levianos
E as saliências poucas
Feitas portas tortas
Eu a vi nos acasos
Feitos para poucos
Ou quase ninguém
A não ser que o zen
Chame-se de outros
No ser em litros
De muitos arcabouços
Ao lado de seriedade e troça.
Viva àquela moça
Que anda e lava
Que esculpe e é
Também uma louça
Estalactite
Como vivo e vive
O que é mundo
Como cantam
E
Voam os
Pássaros
Como Ela é entusiasmo
Esfinge polida
Em umas boas lidas
E umas má-lidas
De vida iludida
De conto de vidas
De uns descontos
De umas dívidas
Das coisas erradas
E das coisas certas
Do pesar das cetas
Ou dos semáforos
Ela foi inquieta
– Mirou-me a arma
No meio da testa
Mas quis me soltar
Porque estava certa
Porque eu não morro
Mais vivo e conto
Contos de latrinas
Para a carta
E para a alforria
Das minhas poucas
Mas boas despedidas
É isto e isso.
Ainda me lembro
E agora revivo
A vista que tive
De uma pirâmide
Era dia ensolarado
As madeixas do tempo
Se agrisalhavam
As ruas do céu
Tinham um sem fim
E os pássaros
E as ânforas
Eram o tudo do todo.
POESIA PROPÍCIA AO ERRO – POEMAS, QUADRATURAS E RACIONALIDADES