Centauro brasileiro.
Macho, varão, barão. Homem de quatro patas. Cavalo que pensa: eis o cavalo mangalarga machador: o brasileiro real. A elegância do talhe e da andadura combinada com força. A robustez fez dele um tipo único. Ferraduras que se chocam no calçamento do vilarejo, como sapatos toc toc toc no salão.
Trazidos pela Família Real, convivedor entre escravos e D. Pedro I. Leva o país na sela.
O cavalo que bebe cerveja, um homem que carrega lenha, ambos, apontados ao horizonte da manhã, tangendo os bois, ordenhando o mundo: Brasil e sua utopia viril. Pensar em ser o campeão do mundo cavalar.
Seu único problema é que costuma cagar por onde passa, ele não consegue controlar-se, mesmo com as mil-delicadezas da etiqueta ou com as cem-ordens dos vaqueiros.
Pobre cavalo brasileiro puro sangue. Como se diz em Minas, “não há bom sem falta”; e encher o mundo de merda verde, rica em micróbios é o problema do maior dos animais brasileiro, o homem-cavalo.
Edson Avlis