Tudo ao meu redor amadurece
O Outono é um senhor num olival
Tanta gente e ninguém
Sou de poucas palavras
Vivi tantos séculos
E me arrasto
Procuro um poema que diga o contrário
Só sei ouvir o silêncio
Assuma os erros, mas não caia!
Caí muitas vezes e assumi.
Contei até quarenta, quarenta dias, quarenta noites.
Deserto.
Esperei tanto e ele nunca veio
Esperei tanto e ele nunca mais veio
Um dia, ainda há de vir…quem sabe se um dia o verei.
Sucederam-se os becos, os caminhos, as estradas, as estações…
Cansei de esperar
A espera é um remédio amargo que contamina tudo.
Chove, mas a água da chuva é turva…
Repito velhas verdades depois de acordar
Tomo um café e vou andando
O meu caminho é longo
Os espinhos, as pedras…nada disso dói
Nada disso dói mais.
Estou calejada e cansada
Calejada e cansada
Calejada e cansada
Vivi tantos séculos
Agora anoitece
Solitária
A solidão é o décimo primeiro mandamento
Sentada à beira do caminho
O corpo-chama
Eu não respondo.
Nívea Freitas Ruivo