Calou-se e esperou. Suas palavras são pedras de cuspe, brejo coalhado entre língua e dentes; contempla a floresta sem vento nem corvos, seus olhos estão secos, sua oração é muda de árvore ainda não nascida.
De fato, ele é um bicho completo e, por isso, mudo. As palavras são incompletudes do corpo, o que os braços não podem dizer. Mudo, ele organiza os poucos átomos dentro da sua grota e se cobre com lençóis de poeiras que se fragmentam das dunas.
Por fim, o homem dorme para o sonho ou para amanhã, como quem espera a eclosão do ovo, do novo.
Edson Avlis