Queimar livros porque não há como,
não há como queimar sonhos
As folhas comburem num piscar de cílios
mas os assombros se inscreveram
insolúveis na onde os brutos não dessangram
Queimar homens (carvão apocalíptico)
mas não há como, não há como queimar a fome
A fome-abismo, pulmão furado de espinhos,
do poema que nasce do amontoado disforme
de sangue, verbos, ossos, pronomes
Danilo Santos Fernandes