16/08/2020
Ela acordou cinza, talvez por tanta falta de sol que os tempos atuais proporcionam, sombrios.
Ela se olhou no espelho, esboçou um sorriso, puxou a boca, esticando a pele como se fora resolver a alegria.
Ela viu a imagem no espelho, falaram-lhe que precisava de luz, de raios de sol, de claridade.
Como num passe de mágica, de quem não acredita em magia, puxou da cartola o coelho e tacou-lhe na alma: lambuzou-se de tinta, desenhou no rosto o sorriso que lhe faltara, clareou o espírito de sangue, sacou o batom vermelho da bolsa e contornou os lábios desejados.
Ela é intensa, de alegria não comum, é linda avermelhada, pintada, sem cor e sem batom.
Juan Lima